quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

AQUI


Aqui, onde o vento não uiva, mas sim aterroriza com o seu grito gutural, profundo e dilacerante, só o meu coração dorme, pacifico e tranquilo, como um recém-nascido, plenamente embalado.

Aqui, onde a chuva não cai miudinha, mas sim em catadupa, qual sangria do próprio céu, só o meu coração se encontra bem seco, qual lençol estendido na eira em tarde solarenga.

Aqui, onde as pessoas que passam falam tanto como túmulos perdidos e enterrados sob uma camada espessa de terra negra e podre, só o meu coração se rejubila de alegria, pelo sono e pelo conforto que sente em estar dentro de mim, sabendo que eu, seu fiel depositário, o amo, que comigo o trouxe, comigo o carrego e que comigo o hei-de levar...

Aqui, onde há vento e chuva, também brilha o sol, e há
arco-íris... de nenhumas cores!

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