sábado, 29 de maio de 2021

Esses Teus Olhos

Esses teus olhos…

Esse teu tão intenso olhar,

deve e devem ser o espelho de esperança e de amor,

e não um olhar perdido, “poço sem fundo”, atolado numa muito negra e dolorosa dor.

 

Esses teus olhos…

Esse teu tão intenso olhar…

Esse teu tão aberto e radioso sorriso é como uma dourada Torre de Vigia, perscrutando terra e mar, pronto a levar, a quem necessita, muitas horas e rodos de afetos, que ajudam e salvam, qualquer alma’coração a se recompor.

 

Esses teus olhos…

Esse teu tão intenso olhar

Esse teu tão aberto e radioso sorriso…

Esse teu toque “milagroso”, que é como uma “santificada” panaceia… que é como a água viva que corre serena, mas cheia de vida, de montante para jusante, da mais alta serra para o mar.

 

Ou como o ar mais puro e mais limpo que alguém quer e pode respirar.

Ou quiçá?! Como uma lareira tranquila a crepitar em brasas lentas, que nos aquece por fora o corpo e por dentro a alma, qual brisa do levante, com o seu generoso e harmonioso calor

 

Esses teus olhos, mantém-nos bem espertos abertos.

Esse teu tão intenso olhar…  nunca o deixes, por nunca, fraquejar.

Esse teu tão aberto e radioso sorriso, não o deixes nunca cair no ocioso ocaso, não o deixes crepuscular.

Esse teu toque “milagroso”, que é como uma “santificada” panaceia…, não o evites nem retraias, há quem dele precise, para, da inópia e indigência emocional sair, e a alma’coração renovar.

 

E faz o teu caminho, em frente, sem arrependimentos, sem olhar para o passado, esse ficou lá atrás, o que passou, passou, e no passado tu já não estás.

 

Olhando terna e prolongadamente o teu doce olhar, sei que dentro de ti há uma muito determinada MULHER, cheia de vida, com abraços para dar a multiplicar, e com uma reserva infinitamente sem fim desse néctar que todos, sem exceção, bem lá no fundo desejamos, e ao qual, tão simplesmente chamamos de… AMOR… meu amor!

 

19 de maio de 2021 - João Ramos



terça-feira, 6 de abril de 2021

O céu do meu asséptico hospitalar quarto

As sombras projetadas no teto do meu asséptico hospitalar quarto são de uma leitura subjetiva, como é subjetiva a leitura das diferentes nuvens, quando as olhamos lá bem alto, majestosas no céu.

E confesso, o meu espaço infinito, o céu por cima da minha cabeça é, por estes dias, o teto do meu asséptico hospitalar quarto, teto este que à noite, com os resquícios da pouca luz existente, ganha vida, e dele, desse céu de placa de cimento armado feito, que por agora me cobre e protege, de olhar para ele nunca me canso ou farto.

E hoje está muito peculiar. Vejam o que eu penso que vi quando o estava a contemplar…

Vi a forma de uma Cavalo Marinho, sem pôr nem tirar, e nas suas costas, a forma “ampliaumentada” do que me parecia ser uma Pulga, sorri para mim, abrenúncio, coisa estranha e tão bizarra, à moda de Gil Vicente… de ficar boquiaberto… de soltar um: - Olha…! ou um: - Acudam, o fim do mundo em forma de pulga, está para chegar.

Olhando mais acima, um saco de soro parecia ter a forma de um estandarte rusticamente medieval, e o outro saco, com não sei bem o quê, por baixo do estandarte, tinha a forma de um estomago, e um inusitado apêndice… e o cabo enrolado, que vinha dos sacos, em reflexo, parecia que saia do estomago e aparentava, “trigo limpo farinha amparo”, ser o duodeno, o intestino grosso e o delgado…

Com tudo isto, o sono começou a tomar, bem de mansinho, conta de mim… se outras formas no céu do meu asséptico hospitalar quarto houve… não as sei descrever, pois, entretanto, acabei por me render ao cair das pálpebras, e simplesmente adormeci…

Escrevo como quem escreve

Escrevo como quem escreve na areia à beira mar, com a esperança de que as palavras na areia escritas,
uma qualquer onda, vinda de súbito,  as possa apagar.

Escrevo como quem escreve nas estrelas do firmamento, com a esperança de que as palavras   nas estrelas escritas, um qualquer astronauta, desligue o constelar quadro da luz, e as possa apagar.

Escrevo como quem escreve em uma e outra folha de papel, com a esperança de que as palavras escritas nas escassas folhas e que deram à luz um Livro, um qualquer “Homem Mau”, numa fogueira, no meio de uma purga literária, as possa queimar, e assim, para sempre as apagar.

Escrevo, por fim, na tua “alma’coração”, com a esperança de que as palavras escritas nesse sacrossanto lugar, nenhuma onda de nenhum mar, nenhum astronauta, nem nenhum “homem Mau”, as possa, jamais e em tempo algum apagar.

Amo-te

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Aquele BLUES da vida

Sento-me, humildemente, no magistral trono pessoal, o meu sofá… relaxo e coloco, com um toque digital, no Spotify, aquele BLUES… e embalo nos acordes, arrancados com amor, à muito chorada e sofrida, da má vida, guitarra. E cada acorde, por acorde, lambido e lânguido, enche-me, em pleno, a alma.

Não penso, melhor, tento não pensar…. fecho os olhos e relaxo, não sei se alcanço, desta forma, um estado superior, uma coisa mais Zen, quiçá, o Yin e o Yang, mas a ser que seja de boa onda, de bom Karma, mas, mais uma vez, com o som do melódico BLUES, em fundo, com aquela doce e apaladada ressonância, respiro e penso para mim: - Sim, sim pá, à tua frente há vida, assim, não deixes cair por terra, essa bênção de nome esperança!

Todos os acordes, maiores e menores, voam, invisíveis, pela sala… à volta de mim… dentro de mim… já não se trata da música em si, ou do meu BLUES, trata-se de NÓS, em união perfeita. A música sou eu, e eu sou a música, uma união mais do que sublime…, no entretanto, os músculos, todos os músculos, relaxam e dizem: - Calma Guerreiro do Choque! Calma!

Aos poucos sinto o corpo a “relaxoflutuar”, estou de olhos cerrados, mas não a dormir, estou sentado, mas na minha cabeça, entre sons e memórias e outras sensações vividas, há uma estranha e mirabolante dança.

Mais um dia! Um dia mais! Vivido da mesma maneira, mas em verdade, sempre de maneira tão mas tão diferente.

No circo pitoresco da vida, esta é, na verdade, como a bolsa de valores, um mercado da vida, onde coisas há que ganham valor e importância, e outras  que a perdem quase por inteiramente, porque o que de facto importa, ao final do dia, são os que realmente nos querem bem, nos amam, e com eles, a família, que são os que estão definitivamente lá (contigo) quando o corpo, (e a alma que o acompanha), fica doente.

Mas como diz um ditado, e em alguns deles há quer ter crença e fé: - Quem espera, sempre alcança.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Não fazemos amor, apenas dançamos

Não, não fazemos amor, apenas dançamos, presumo eu que seja um tango, e assim, quebramos e requebramos. Colamos os corpos, e ainda mais apertamos, não somos brandos.

Todos, sem exceção, em nosso redor, olham-nos, uns ávidos de uma dança assim, outros, roídos de uma inveja muito invejosa, perante a nossa “dança” libertina e viciosa.

Os nossos corpos bamboleiam ao som do compasso ritmado. Eu sinto-te… tu sentes-me. Dançamos? Sei que somos tudo, menos assim tão puros… tão cândidos.

Um amor assim, como o nosso, tão desejado e suado, é e sempre será um clássico, uma “Hérmes” vintage, nunca passa de moda.

 

A música não dá sinais de parar, os viperinos olhares, também não, tal como a nossa erecta e muito húmida paixão. Confuso, pergunto-te: - Isto que dançamos é um tango?

Roças os teus lábios “en rouge” nos meus, semicerras os ébrios olhos e retorques irónica: - “Qu’importa”, até pode ser o malhão ou um Samba de Roda.

A dança não é de todo ortodoxa, não segue uma moda ou sequer tem um padrão, somos apenas dois corpos, apaixonados, num bailado pleno de raiosos desmandos.

As nossas cabeças, carregadas de endorfinas, fazem com que nos vejamos, nos entrecortados espelhos, como dois cisnes, em modo de acasalamento, e embora dancemos torpes, vemo-nos a dançar, nos entrecortados espelhos, de forma graciosa.

 

As gotículas de suor são por ora a nossa fonte de água salgada, tequila improvisada, onde só falta o limão. Ato continuo, ensaiamos novos e desordenados passos de dança, exploramos outras zonas corpóreas… outros meandros.  

Nenhum de nós se cansa ou dá sinais de abrandamento, este amor é assim, cresce e cresce, tem forte fermento, é um tudo ou nada, onde nenhum deita a “toalha ao chão”, nenhum se rende nem se acomoda.

Agora sim, sei que é o Tango que dançamos, a dança dos amantes em casas escuras e salões de reputação duvidosa. Amor em forma de dança embuçada, uma dança a dois, com dois bons circunspectos e disfarçados “malandros”.

- Senhoras, e Senhores, o espetáculo “solo de dança” findou! Respiramos ofegantes, não esperamos pelo resultado ou prémio final, damos as mãos e saímos, de cabeça erguida, certos de querermos mais do que um amor de uma dança só, queremos sim, um amor nosso, dourador, vivido de forma terna, muito apaixonada e exorbitantemente calorosa.

 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

No teu regaço

Canta-me, melancólica e melodiosamente de amor, uma canção,

enquanto descanso, descansado, no teu maternal regaço.

Aperta com força (paradoxo) a tua delicada mão na minha mão,

para que eu não me perca nem me desoriente no tempo e no espaço.

 

Beija-me! Beija-me como se beijam os amantes de verdade, com amor, com emoção!

Abraça-me! Abraça-me num abraço protetor, assim… apertado, daqueles que me livram dos maus pensamentos e me aliviam, desta luta, o cansaço.

Olha-me bem fundo nos olhos! Perscruta-me até às raízes da minha alma! Olha, com olhos de ver todas as artérias apaixonadas deste meu, já teu coração!

Sussurra-me ao ouvido: - Meu amor, o nosso amor é amor-amor, não um devaneio, ou um erro crasso!

 

É nesse teu acolhedor colo que recebo, de ti, um beijo, e sinto em mim, uma interior, de amor, “qb” e “Al dente”, sensorial explosão.

Mais do que nunca, sei, naquele momento, que sem ti, a minha vida fora um vazio, e que doravante, sem ti não quero viver. Sem ti, meu amor, já não passo.

Quero um amor de certezas, que não caprichoso e diletante, tão pouco breve, fugaz ou passageiro, quero amor-amor, não amor- ilusão,

Porque qualquer amor, não amor-amor, está, com sucesso, destinado ao retumbante e doloroso fracasso.

 

Meu amor-amor, é tarde, deixa-me recolher novamente ao teu colo, lugar santo de abrigo e proteção.

Esse lugar aconchegante, bastião de força olímpico, mas ao alcance de um simples e honesto abraço,

No conforto do teu seio, o sono começa o seu resgaste… sinto-me a ir… para o mundo dos sonhos… - Que alívio. Penso eu, que afetuosa sensação.

E adormecemos, seguros um do outro, deste amor há muito aguardado, que por fim, tem o seu “Happy End” um muito Hollywood, não Las Vegas, enlaço.