domingo, 5 de janeiro de 2020

E antão o amor?

Amor, por qual razão me laceras a alma com a tua ausência? Sendo tal, sinónimo da já longa ausência dela…

Desse ser belo, porém, quiçá, sem alma? Que me abandonou, como se não houvera, antes, algum, raios me partam, amor, ou pelo menos apego.

Eu sei que a vida é dia não e dia sim feita de altos e baixos, de paixão e desilusão, nem sempre só feia, nem sempre apenas e só bela…

Sei também, digo eu na minha altivez, que o amor não é sempre só estonteante felicidade, ou, nem sempre, ou para sempre, uma permanente dor.



Ai amor, que nos fazes rir e chora, correr e saltar, querer o sol olhar de frente, e a lua… e a lua? Ah… essa, com a ponta dos dedos tocar…

E no momento seguinte querer cerrar os olhos e, num sonolento sono, com uma dor negra colada à alma, querer, num eterno para sempre, lenta, mas seguramente adormecer.

Confundes-me tu! E tu também ó amor! Se bem que não vos sei, nesta já demasiado longa ausência, diferenciar…

Tu és O AMOR, e o amor ÉS TU! Tu lembras-me O AMOR, e o amor lembra-me que ele, por sinónimo ÉS TU, que de mansinho vieste, e entraste para ficar.



Antão que fazer? Ficar quedo quieto? Como se nada se tivesse acontecido? Como se não houvesse uma saudade que sufoca a alma, que a dilacera?

Mas Antão que fazer? Se quando te foste, se foi, contigo, o amor, aquele amor que nunca antes havia eu experienciado.

Descobri, contigo, pois antão, que o amor existe, que não é apenas uma palavra, um boato, algo inalcançável… uma quimera…

…mas neste momento, só te queria ó AMOR… ó TU, para te poder amar e tão simplesmente sentir-me amado.



João Ramos