Há uma ave que grita,
que aspira por liberdade.
Há uma dor que fica,
deixada pela saudade.
São gritos de raiva sã,
gritos de quem quer mudar,
a dor, é uma coisa vã,
que amolenta, mas não pode matar
Gritar e as asas bater,
soltar o canto, o chilrear,
gritar para não sofrer,
sofrer por não amar.
Enfim pelo espaço esvoaço,
sinto o ar fresco e leve,
sei que amar é um passo,
numa vida que é sempre curta, sempre breve.
E daqui, bem nas alturas,
posso ver a vossa pequenez,
que apesar das humanas loucuras,
quereria experimentar uma vez.
Ser bem pequeno e discreto,
olhar os teus olhos bem fundo,
e ao olhar estaria certo,
de neles poder ver o mundo
Em vez de lindas penas nas asas,
e um bico na ponta,
os meus braços seriam fortes amarras,
e os meus lábios dar-te-iam beijos sem conta.
Mas não, não pode ser,
sou uma ave, vou com o meu bando,
é com eles que tenho de viver,
com eles e com o seu (en)canto.
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