A ti, menina mulher, que és flor, estrofe e harmonia!
A ti, menina mulher, que és linda, perfeita, sedutora e pessoa
capaz!
A ti, que és filha, irmã, esposa, mãe, e um dia, quiçá,
também avó!
Eu penso-te assim:
Ser mulher é ter dores, dores de amor, dores de parto,
dor da partida…
Na guerra, a mulher sofre, perde o filho, perde o marido,
está só,
sem o seu menino, é viúva!
Na paz, muitas vezes, a mulher é solitária, saem os
filhos, sai o marido, e assim
se queda só com os seu silenciosos amigos, os pratos, e talvez, com os seus
botões, que são o único abraço apertado que tem!
Coze e cose, passa a ferro, engoma e limpa, limpa o pó, o
chão, os quartos e a
cozinha, faz a comida e ainda lava os pratos, mas nunca
lava a sua vida, e à noite,
quantas vezes, muitas vezes, vai para a cama, acompanhada
de si própria…
sozinha…
Tu, que já foste menina, bem pequena, traquina,
espertinha, que jogaste
ao elástico, à macaca, ao lenço e à rodinha, um namorico
de infância e um
beijito inocente de quando em vez…
Tu, menina, que em outras meninas se tornou, foste
seguindo a escola, e quem
Sabe, onde realmente
ela chegou!?
Era menina, e menina casou, e a sua vida de menina para
mulher, não mais parou!
Tu, mulher, que no teu íntimo ainda te sentes menina,
nunca por nunca deixes de o
ser, e no mais intimo do meu coração, como homem e filho,
acredito que tu,
MENINA MULHER, não nasceste para sofrer.
João Ramos
20 de Abril de 1990
03 Horas da manhã
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