Fui, sem o saber, encurralado no TEMPO, nesse TEMPO que não sei quanto TEMPO
vai durar, e com que tempo, do TEMPO, me foi colocado na algibeira para por cá
andar.
Mas todo o tempo, do TEMPO, que passo sem o teu amor, sem dizer o quanto te
amo e sem o teu abraço,
é mais pesado e penoso do que esta coisa que agora carrego em mim, que me
tolhe a alma. Lá silenciosa ela é, mas sabe por o palato de qualquer pessoa a
amargar, de parecer que o mundo se entropia, e ficamos sem onde nos agarrar.
Tal como o AMOR, um grande AMOR, “ela” também não tem cura, apenas entra
em remissão, mas um dia pode vir, ou pode ir e não voltar, ou voltar nunca mais…
mas não se enganem, pois tal como o AMOR, um grande AMOR, embora queda e muda, está
lá, escondida num qualquer e interior nosso espaço.
De repente, estou assim, encurralado no Tempo, e percebo que uma vida
toda, ou uma vida como a de Matusalém, é sempre curta para fazer seja o que for…
mas quando pensamos no amor, AMOR, e o quanto podíamos ainda mais amar… é como “morrer
na praia”, ou ficar algures entre o último pedaço de terra e a primeira espuma
da água que anuncia o imenso mar.
Passa-se a viver a vida em duodécimos, a prestações, com o irrequieto,
irritante e inquietante som do Metrómano a marcar, sobre a minha vida, o seu
ritmo, o seu compasso.
Agora já não conto os anos, os meses, tão pouco as semanas, penso apenas
no hoje, porque “Hoje é Hoje”, amanhã? Bom, amanhã logo se verá! É viver às
cegas, com uma venda nos olhos, tatear tonto aos apalpões, e com um garrote… que tanto pode salvar uma vida, como a pode tirar.
Até que ponto somos donos de nós? Não será uma ilusão!? Talvez! Por certo que sim!
Seremos senhores de decidir quando e
como chegamos? E quando e como partimos? Não sei! Não creio! Aliás, cada vez
sei menos, e menos certezas tenho acerca de tudo. A cada dia que passa, tudo
está, aos olhos de minh’alma, muito torpe e baço!
E volto a pensar no tempo, naquele TEMPO que “pergunta ao TEMPO quanto
tempo é que o TEMPO tem”, e o TEMPO, como não sabe, não quer ou não pode dar a
resposta, acanha-se, esconde-se, envergonha-se de uma vergonha que até o
próprio tempo do TODO PODEROSO TEMPO, se
retorce e as suas temporais faces de tempo do TEMPO, podemos ver corar.
E eis que volto a pensar, por causa do tempo, ou da escassez do mesmo, no
AMOR. Não num só tipo de amor, mas em todos os tipos e formas de AMOR, o que me
leva a pensar que se achava que tinha sido generoso a dar amor!? A Amar!? Agora
sei que sovina fui nessa dádiva. O que dei, aos meus olhos, hoje, fede a pouco,
tresanda a escasso.
Não creio, porém, que tenha sido por mal, leviana má fé, ou até por falta
de empenho e dedicação, acredito sim que a vida, VIDA, por mais longa que seja,
foi, é, e sempre será curta de mais para se conferir real valor ao amor e,
para sem receios, a quem se ama, com esse amor AMOR, bafejar.
Tic-Tac, Tic-Tac. É aquele som mais calado que um mudo, que ressoa em nós,
quando tomamos consciência de que não vamos ficar para sempre, como semente,
talvez possamos passar a viver a vida, VIDA, com mais VIDA, e com o garrote, que
tanto pode salvar uma vida, como a pode tirar, menos apertado, mais vida,
VIDA, mais laço.
Queria-te aqui, meu primeiro e único amor. Pelo amor e para fazeres a tua
magia, e assim, este bater forte de medo que tenho no meu coração, conseguires acalmar,
e quiçá, entre beijos, mimos e muitos abraços, possa por momentos ser esquecido
ou até mesmo passar.
Queria o teu aconchego, poder ser sem medo ou vergonha, e em simultâneo,
Homem/Menino, receoso e trémulo, mas ficar calmo e seguro, deste mar de medo agitado,
em ti, no teu abraço.
Não desisti, nem “deitei a toalha ao chão”, penso no tempo, TEMPO, e
viver o dia-a-dia. Continuo a ter Fé, e, quando à noite me deito, a pensar na
vida, VIDA, gosto de sobre ela SONHAR,
porque dure a minha vida o que durar, de antes de anteontem, em diante,
quero sentir que cada dia, do meu dia, foi um dia de AMOR, e não de nula pasmaceira,
ou um fracasso!
02H24
03/12/2020