A orquestra singular e singela já ocupa o seu sacrossanto lugar.
A ampla sala está em tons de lusco-fusco, apenas e só, um foco de luz ao
centro.
Avançamos, solenemente, passo a passo, para os braços um do outro...
Silêncio! Caros ausentes Senhores e Senhoras, que os amantes vão dançar!
Para a ocasião, vestimos o corpo e a alma coração de forma solene. É
aqui e agora! Encostamos os corpos, agarro-te a cintura e seguro a tua gentil e
delicada mão… eis o momento!
Suave e primeiramente começamos a deslizar, para depois rodopiar,
dançamos e de novo rodopiamos, rodamos, mão na mão, coração com coração, olhos
nos olhos, sem pestanejar, mais do que dançar isto é amor, é amar… tudo tão terno, tão firme, bela é esta dança
do nosso contentamento.
Lábios cerrados, e neste cúmplice silêncio, sabemos que é mesmo mais que
uma dança, é uma “epifania”, o “Kronos”, e o circunstancialismo a dizer: - É o
tempo, o vosso tempo de amar!
Porque almas gêmeas sempre fomos, aceleram-se, em uníssono, as nossas
almas corações, porém, ainda que a líbido arda em flamejantes chamas, saboreamos
cada passo, cada volta, envolta em desejo, esse corpóreo sentimento.
Há uma sequiosa sede de beijos, desses beijos dos amantes reencontrados,
enquanto o agora (in) presente Cumpridor de Sonhos apregoa bem alto: - É
beijar senhores, é beijar…
Atenta, a orquestra singular e singela, de mansinho a música abranda, e
qual filme de amor, com final feliz, seguras o lufado e airoso vestido, e
levas-me, em corrida, p’lo salão, pela mão, rumo à vida, porque essa coisa de
ser feliz, para nós, meu único, primeiro e doce amor, já é mais do que tempo.
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