Pedes-me que te fale de solidão! Paro, olho para o horizonte que não é mais do que a parede do teu quarto! Respiro pesadamente, “queimo” algum tempo, muito tempo, pois na verdade, não sei o que te dizer, talvez te reinvente um qualquer chavão, que na tua alma de mulher poeta apaixonada, sei que vais adorar!
Solidão?
Bem sei eu explicar o que isso é! Sem cair no meu ar pretensioso e ridículo de
galã decadente!? Bolas, mais valia perguntares-me a tabuada dos nove, que por
acaso, só por acaso, também não sei, mas sempre me iria desculpando com uma
infância infeliz, da má qualidade do meu ensino primário, mas não, tinhas de
aprofundar a nossa relação recorrendo a temas quase que metafísicos.
A
parede do teu quarto já não é o infinito, é algo mais, um algo mais que me
irrita, é o símbolo da minha demorada estupidez, do meu profundo desconhecimento
sobre as coisas da vida, e sobre mim próprio.
Sorrio
como quem tosse, aflito, semicerro os olhos, movimento “suadamente” os dedos nas mãos já dormentes e esboço uma resposta muito
ao género da literatura de cordel - Sabes…solidão
é…bom…é estarmos com alguém que não tem nada para nos dizer, ou que não nos diz
nada…estarmos, sei lá, com alguém que não nos quer ouvir, mesmo nos nossos
silêncios…que não tem tempo para nós, o “nós” do amor, não o vulgar nós, a soma
do eu e tu…ou então, alguém que nos quer para tudo e muito, mas menos para amar…!
Deixo-me
cair para trás, de imediato, como uma insaciável predadora, debruças-te languidamente
sobre mim, sorris, mas como quem sorri por e com ironia, como sorri um ser
humano a atestar a estupidez de um outro ser humano.
Não
dizes nada, apenas brincas, roças o teu corpo em mim e sorris…sorris…e sorris…quando
tento de novo falar, colocas os teus dedos sobre os meus lábios e insistindo no
teu no sorriso, dizes-me que não, que não queres ouvir a tabuada dos nove, sem
tu própria saberes de que, por vezes, muitas vezes, vezes de mais, nos é difícil
falar daquilo que nos vai cá por dentro, e isso, bem, isso não é uma questão de
pura aritmética, mas sim da subjectividade dos sentimentos e de valores que
jamais, aritmética alguma, irá resolver!
Estar
só
e aqui sim, é estar com alguém e apesar de tudo, não ter nada para lhe dizer!
Continuas
pendurada no teu sorriso, mas nem ele, nem já tu, significam a mesma coisa.
Levanto-me,
engelho-te a testa, ainda com ar de galã vitorioso, saio da tua porta e da tua
vida, cantarolando…nove vezes um, nove, nove vezes dois…. e pensando, para mim
mesmo, que mais vale só, que em solidão, que não são,
realmente, a mesma coisa…devo-te isso…obrigada!
Bem ,por vezes podemos estar rodeados por uma multidão e no entato sentirmo-nos sozinhos...ou então querermos apenas a companhia de uma pessoa...soberbo o que acabas de escrever...e ja agora,nao sabes a tabuada dos 9 ???loooolllll :D Bjs
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