quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Aquele BLUES da vida

Sento-me, humildemente, no magistral trono pessoal, o meu sofá… relaxo e coloco, com um toque digital, no Spotify, aquele BLUES… e embalo nos acordes, arrancados com amor, à muito chorada e sofrida, da má vida, guitarra. E cada acorde, por acorde, lambido e lânguido, enche-me, em pleno, a alma.

Não penso, melhor, tento não pensar…. fecho os olhos e relaxo, não sei se alcanço, desta forma, um estado superior, uma coisa mais Zen, quiçá, o Yin e o Yang, mas a ser que seja de boa onda, de bom Karma, mas, mais uma vez, com o som do melódico BLUES, em fundo, com aquela doce e apaladada ressonância, respiro e penso para mim: - Sim, sim pá, à tua frente há vida, assim, não deixes cair por terra, essa bênção de nome esperança!

Todos os acordes, maiores e menores, voam, invisíveis, pela sala… à volta de mim… dentro de mim… já não se trata da música em si, ou do meu BLUES, trata-se de NÓS, em união perfeita. A música sou eu, e eu sou a música, uma união mais do que sublime…, no entretanto, os músculos, todos os músculos, relaxam e dizem: - Calma Guerreiro do Choque! Calma!

Aos poucos sinto o corpo a “relaxoflutuar”, estou de olhos cerrados, mas não a dormir, estou sentado, mas na minha cabeça, entre sons e memórias e outras sensações vividas, há uma estranha e mirabolante dança.

Mais um dia! Um dia mais! Vivido da mesma maneira, mas em verdade, sempre de maneira tão mas tão diferente.

No circo pitoresco da vida, esta é, na verdade, como a bolsa de valores, um mercado da vida, onde coisas há que ganham valor e importância, e outras  que a perdem quase por inteiramente, porque o que de facto importa, ao final do dia, são os que realmente nos querem bem, nos amam, e com eles, a família, que são os que estão definitivamente lá (contigo) quando o corpo, (e a alma que o acompanha), fica doente.

Mas como diz um ditado, e em alguns deles há quer ter crença e fé: - Quem espera, sempre alcança.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Não fazemos amor, apenas dançamos

Não, não fazemos amor, apenas dançamos, presumo eu que seja um tango, e assim, quebramos e requebramos. Colamos os corpos, e ainda mais apertamos, não somos brandos.

Todos, sem exceção, em nosso redor, olham-nos, uns ávidos de uma dança assim, outros, roídos de uma inveja muito invejosa, perante a nossa “dança” libertina e viciosa.

Os nossos corpos bamboleiam ao som do compasso ritmado. Eu sinto-te… tu sentes-me. Dançamos? Sei que somos tudo, menos assim tão puros… tão cândidos.

Um amor assim, como o nosso, tão desejado e suado, é e sempre será um clássico, uma “Hérmes” vintage, nunca passa de moda.

 

A música não dá sinais de parar, os viperinos olhares, também não, tal como a nossa erecta e muito húmida paixão. Confuso, pergunto-te: - Isto que dançamos é um tango?

Roças os teus lábios “en rouge” nos meus, semicerras os ébrios olhos e retorques irónica: - “Qu’importa”, até pode ser o malhão ou um Samba de Roda.

A dança não é de todo ortodoxa, não segue uma moda ou sequer tem um padrão, somos apenas dois corpos, apaixonados, num bailado pleno de raiosos desmandos.

As nossas cabeças, carregadas de endorfinas, fazem com que nos vejamos, nos entrecortados espelhos, como dois cisnes, em modo de acasalamento, e embora dancemos torpes, vemo-nos a dançar, nos entrecortados espelhos, de forma graciosa.

 

As gotículas de suor são por ora a nossa fonte de água salgada, tequila improvisada, onde só falta o limão. Ato continuo, ensaiamos novos e desordenados passos de dança, exploramos outras zonas corpóreas… outros meandros.  

Nenhum de nós se cansa ou dá sinais de abrandamento, este amor é assim, cresce e cresce, tem forte fermento, é um tudo ou nada, onde nenhum deita a “toalha ao chão”, nenhum se rende nem se acomoda.

Agora sim, sei que é o Tango que dançamos, a dança dos amantes em casas escuras e salões de reputação duvidosa. Amor em forma de dança embuçada, uma dança a dois, com dois bons circunspectos e disfarçados “malandros”.

- Senhoras, e Senhores, o espetáculo “solo de dança” findou! Respiramos ofegantes, não esperamos pelo resultado ou prémio final, damos as mãos e saímos, de cabeça erguida, certos de querermos mais do que um amor de uma dança só, queremos sim, um amor nosso, dourador, vivido de forma terna, muito apaixonada e exorbitantemente calorosa.

 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

No teu regaço

Canta-me, melancólica e melodiosamente de amor, uma canção,

enquanto descanso, descansado, no teu maternal regaço.

Aperta com força (paradoxo) a tua delicada mão na minha mão,

para que eu não me perca nem me desoriente no tempo e no espaço.

 

Beija-me! Beija-me como se beijam os amantes de verdade, com amor, com emoção!

Abraça-me! Abraça-me num abraço protetor, assim… apertado, daqueles que me livram dos maus pensamentos e me aliviam, desta luta, o cansaço.

Olha-me bem fundo nos olhos! Perscruta-me até às raízes da minha alma! Olha, com olhos de ver todas as artérias apaixonadas deste meu, já teu coração!

Sussurra-me ao ouvido: - Meu amor, o nosso amor é amor-amor, não um devaneio, ou um erro crasso!

 

É nesse teu acolhedor colo que recebo, de ti, um beijo, e sinto em mim, uma interior, de amor, “qb” e “Al dente”, sensorial explosão.

Mais do que nunca, sei, naquele momento, que sem ti, a minha vida fora um vazio, e que doravante, sem ti não quero viver. Sem ti, meu amor, já não passo.

Quero um amor de certezas, que não caprichoso e diletante, tão pouco breve, fugaz ou passageiro, quero amor-amor, não amor- ilusão,

Porque qualquer amor, não amor-amor, está, com sucesso, destinado ao retumbante e doloroso fracasso.

 

Meu amor-amor, é tarde, deixa-me recolher novamente ao teu colo, lugar santo de abrigo e proteção.

Esse lugar aconchegante, bastião de força olímpico, mas ao alcance de um simples e honesto abraço,

No conforto do teu seio, o sono começa o seu resgaste… sinto-me a ir… para o mundo dos sonhos… - Que alívio. Penso eu, que afetuosa sensação.

E adormecemos, seguros um do outro, deste amor há muito aguardado, que por fim, tem o seu “Happy End” um muito Hollywood, não Las Vegas, enlaço.