quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Estranho reencontro


Sou Tu!
És Eu!
Que ninguém saiba, que ninguém nos leia… entenda… perceba!
Porque assim, desta maneira pouco formal, podemos ser únicos, molde primogénito… o “san graal”, o amor “pecado” original.
Agarro na tua… minha… nossa mão, como quem se agarra à vida, que está laça, como das mão de uma jovem criança escapa, deslizante, (em)baraço acima, a vida. Perdão… o balão!

Sim, foram belos esses dias, tempos idos vividos, bem vividos, nada de tempos perdidos… em que a juventude parecia um bem infinito, em que nos doíam as maças do rosto de tanto sorrir, em que saltávamos muros, campainhas tocadas à socapa e fugir… escondidos num rir… num abundante rir…
E depois aquele beijo… que mesmo depois de muitos, todos me pareciam ser e sabiam sempre como a ser o primeiro…

Passear de mãos dadas, foleiro mas lindo, e malta, tal era o amor, que a gente não “saía” nem “andava”… a malta até, vejam bem, namorava…
… e aquele dançar em slow… ? Épico momento… que bom… que bom, mesmo que por cada dez pedidos, para uma dança, nove e meio eram tampa certa, e tampa recebida, tampa que nos era dada… bem caladinha era guardada…

E hoje o reencontro inesperado. Nós aqui, por fim, e quase nada falamos, somos conhecidos, mas estranhos, e nesses segundos pensamo-nos…
O passado desfila na nossa mente, os corações alternam entre uma espécie de tristeza sã e uma alegria doente…

… que  segundo eterno, estamos petrificados, à nossa volta uma multidão de pessoas em modo congelado… e nós a reviver o passado… que é passado…
Poucas palavras trocamos… um beijo damos, sorrimos, seguimos e andamos…
Olho uma última vez para trás… e apenas nesse momento me apetece gritar e dizer-te: - Não vás!

Mas serei sempre Tu!
E tu, serás sempre Eu!
Apesar de tudo o que o tempo limpou e varreu.
Mas que ninguém saiba, que nunca ninguém nos leia… entenda… perceba!
Porque assim, desta maneira pouco formal, iremos ser únicos, molde primogénito… o “san graal”, o amor “pecado” original.

Sigo sozinho agarrado à tua… minha… nossa mão, como quem se agarra à vida, que está laça, como das mão de uma jovem criança escapa, deslizante, (em)baraço acima, a vida. Perdão… o balão!
Sim, foram belos esses dias, tempos idos vividos, bem vividos, nada de tempos perdidos…




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