sábado, 10 de março de 2012

Na poeira do tempo


Busco-te na parda poeira perdida do tempo!
Sim! Nessa mesma! Que em desgosto cobre o teu retrato.
Olho, busco o teu rosto, e utopia, nele, alguma réstia de sentimento!
Semblante Vitoriano, que um dia, me foi belo, me foi meigo e me foi grato!

Quão doce eras tu! Sempre sorridente e, aparentemente, por mim apaixonada.
Apenas uma triste representação, a um cego que vê, mas não via a tua ilusão!
Um amor que tudo parecia, e contudo, era apenas esse mítico um “ grande nada”!
Alguém, maquiavelicamente, congeminou esta triste e mísera teatral paixão!

É a dor, apenas e só a dor que me leva compulsivamente aqui a escrever.
Como que uma nauseante purga redentora, querendo o meu coração aliviar!
Pois de outra forma, sob tão pesada pressão, não conseguiria sobreviver.

Assim, no caminho ao Santuário da Dor, sinto-me peregrino e penitente,
de coração sangrado, agarrado a um fraco cajado, em silêncio, por mim a rezar!
Criando no meu EU, por via do teu TU, um coração dolorosamente ausente!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Por um postigo…soldado desconhecido...outra explosão…

(dedicado a todos os soldados, cujo posto não importa, ao soldado, não que procura a Guerra, mas é levado, não se sabe por vezes, em nome de quê, até ela. Em particular, ao Soldado Desconhecido, que são aqueles que pereceram em combate, mas cujos corpos nunca foram encontrados. Que todas essas almas atormentadas, descanssem em paz)




Foi na dolorosa violenta vivência bélica, contigo,

que descobri, à força e de veritas, o sofrimento!

O escuro? Esse, tornou-se no meu melhor amigo,

aquele que, à noite, me guarda no meu sono ao relento.



Ao longe, não sei quão longe? Vejo mais um e outro clarão…

…parece que ouço, sim, sei que ouço, um horror de gente a gritar!

Que se registe, que tu e eu saibamos, é mais uma e outra explosão,

com um único e desonroso fim…matar, matar, matar!



E a besta metálica, sonoramente brilhante, não escolhe géneros ou idades…

onde cai, cai! Explode! Mata! O buraco, em jazigo dos corpos, se torna.

O Homem é um ser capaz de coisas belas e boas, e de desmedidas maldades!

Aqui, no meu ninho de metralhadora (empurrado fui), a paz, soa-me a quimera!



Apenas, vejam só, me pediram que eu faça um serviço…que muitos eu mate!

Aqui e agora, apenas penso que, se não mo dissessem, eu matava na mesma!

Não pelo brio! Mas sim por medo, cobardia, para que à mortandade eu escape,

sita, neste campo de nojo (luto), desta injustificável e desumana contenda!



Mas não fujo, não entendo, mas não me movo! Gelado especado estou eu!

Sinto que “eles” se aproximam! E eu? Bom, resta-me nesta cova aguardar!

Assim, de quem vêm, só me ataca quem ainda, (in)felizmente não morreu!

Pois quem de morte morrida morreu, já não mata, já não pode lutar!



E assim se mantém, pela força da força sem razão, o Império Vivo!

E todos nós, pobres peões de brega, aqui, esquecidos em “Missão”!

A vida!? Essa vê-se apenas por um estreito e limitado postigo,

mas mais perto, vejo o rosto brilhante da morte, uma nova explosão!

  

Coimbra, meu eterno encanto!



Coimbra! Tu és cidade mimada,
por todos os que aqui passam!

És simplesmente isso, A Coimbra, Cidade amada,
todos te querem, todos te abraçam!


Mondego é o teu rio,
mil vezes cantado, pleno de amor!

Junte-se-lhe a Queima, que é um pavio,
de festa, alegria e muita cor!


Capas negras soltas ao vento,
descem da Velha Senhora,

ó Universidade, tu não tens idade nem tempo,
e do no nosso amor és dona e Senhora!


A Torre alta e iluminada,
a serenata serena, aprecia,

escuta os efferreas da malta,
e deles, é guardiã noite e dia!


Às 7H30, já a Cabra toca feliz,
para levantar todo o estudante,

tem razão oeste e o futrica que diz,
que és nossa imagem, de Coimbra, o seu semblante!


O fado no nosso coração,
marca, jamais se esquece!

Coimbra é fado, fado é Coimbra, uma emoção,

que em nós, para a uma toda eternidade, permanece!


Caloiros, e por fim doutores,
voltam para as suas terras distantes,

não esquecem Coimbra e dos seus amores,
mas sabem que nada , lá longe, voltará a ser como antes!


Quem cá viveu, ou estudou,
foi por certo, estudante, boémio ou cantador!

Acha que outra cidade nunca amou,
e irá deixá-la com muita saudade e dor!


Coimbra e a velha Universidade,
a ti, estudante te albergou,

mas  dorme tranquilo, mesmo longe, pois na verdade,
a ti estudante,  Coimbra sempre te amará, porque sempre te amou!.














quarta-feira, 7 de março de 2012

Angústia



Pássaro estúpido e cruel,
caíste na armadilha…louco!
Foi só por isco de mel! Tolo és, e não é pouco!

Esvoaça meu grande sacana! Mexe-te!
Sê um pássaro, não sejas um Banana!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Espero-te Caronte, para ir e voltar!




Cerro os meus olhos, dia e noite, e só vejo tristeza, vazio e solidão!

Triste? Eu sei! Mas é o que vejo quando me olho por dentro, quando retalho minha alma (já há muito perdida e vendida), o meu coração!

Faço a catarse, lá no alto, naquele pico que não existe, a não ser nos meus medos!

Salpico, o mais que posso, com jasmim e outros odores florais, os pensamentos de ambos (alma e coração) mas todos eles, por mais que os perfume, saem sempre fétidos! Na verdade, e em bom rigor, não os deixo sair, é por sua vontade que se expatriam de mim, em forma de vómito!

Pobres… mas como os entendo! Fogem, esses pestilentos pensamentos, de um algo mais negro e podre, do seu progenitor, o meu EU!

Já me esgoelo, em dor, com nojo de mim próprio!

Aqui, num desajeitado estado de estar, precisamente neste momento, (des) encontro-me eu, a sós, com a alma dolorosamente ferida e um coração patético perdido partido! Tudo isto, insalubremente temperado com o nauseabundo cheiro podre dos meus próprios pensamentos, agora, jazidos na rocha do promontório em que me sento e onde já nada sinto, nada penso nem contemplo.

Apenas olho para o agora! Um agora dentro de mim! Onde só e sempre, vejo tristeza, vazio, solidão!

Dou por mim a olhar, e disso dou notícia, de que, a borbulhosa e bolorenta pasta de pensamentos, por mim, involuntariamente gomitada, queima o chão rochoso onde caiu…

Lá no fundo, as águas do Estige e Aqueronte; a corrente é forte e tem vida, sinto-o, pelo seu angustiante e lancinante ulular. Quiçá, queixa-se de mim…

Ouço remar! Há muito que sim, lá no cimo do promontório! Ouço! Escuto!

 Anuncia-se um remar, a espaços… como que sinto um chapinhar de remos, dia e noite, mas não vejo barco nenhum a aportar, no cais da Lazarenta Imaginação, criado apenas e agora, para esta minha catártica expiação…

…entristeço-me, pois a barca que aguardo, é a de Caronte, mais tarde ou mais cedo…porque não?

Mas que temes servo de Hades? Filho de Nix (noite)! Meto-te mais medo que que todos os horrores do mundo inferior?

Atraca maldito, não sentes que de ti preciso! Contudo, com bilhete para ir e voltar! Infame barqueiro! Pois te digo que apenas quero, nas margens de lá do Estige e Aqueronte, a minha tristeza, vazio e solidão expurgar!

…vem até mim barqueiro Caronte, anseio-te, e já tardas! Se me levas, eu volto, porque lá, em terras de Hades, não me quero demorar! Apenas e só, o mais que breve tempo, para que, como um louco, entre a vida e a morte, rir e chorar, ser o que sou, despir, tudo largar, morrer, nascer, correr para o cais, e regressar, para uma nova vida, onde não há tanta tristeza, vazio e solidão…

…por isso, se me queres de novo vivo no mundo dos vivos, sem medo vem, vem Caronte, vem-me buscar…para que eu, simbolicamente, morra e nasça, para um novo acordar, e nesse momento, possa de novo, para dentro de mim olhar…e cujos pensamentos de minh ‘alma e coração,  possa de novo, pois puros serão, partilhar…

…sem medo nem vergonha, daquilo que sou! E o que eu sou, eles são sãos serão…