Prostro-me
no chão, cabisbaixo estou, sem esperança nem fé! Apenas de Joelhos no chão frio
e enlameado!
O meu rosto?
A esse, cubro-o, não de vergonha, mas para esconder as lágrimas de raiva intimamente
minha e de dor…
…. porque
naquela noite ímpar, de tempestuosa tempestade, a troarem os trovões dos trovões,
senti-me honestamente amado,
como acredito
que jamais em tempo algum, novamente assim o serei! Apenas eu e tu, a
tempestade e o amor, um grande, grande amor!
Por cima
de nós não uma tempestade, mas sim, “A tempestade”, como que forjada apenas e
só para nós, para aquele inolvidável momento!
Olhares
nunca trocados, toques nunca antes sentidos? Beijo quentes, ora ávidos ora
serenos, e por cima de nós, a tempestade, em coro, a entoar uma, de amor,
canção!
Hoje,
passada a tempestade, passado tanto e tanto tempo, apenas uma alegre triste
memória, que se nuns dias me aquece, com a saudade, o coração, noutros, uma
dor, um lamurio, um tormento!
Como amante
atormentado, volto, ora em pensamento, e outras em corpo, a esse lugar de amor.
Mas será por puro masoquismo? Ou evocativa peregrinação?
Não sei,
mas sei que preciso, como ave migratória, de voltar uma e outra vez aquele lugar
onde o amor, a par da tempestade aconteceu… recordar e chorar, chorar, sorrir e
recordar…
Assim é
a solidão do amante, a tempestade do século, como que encenada para nós, nunca
mais voltou! A ti? Deixei-te partir… e estas palavras… que pesadamente escrevo,
não são uma desculpa, são antes, isso sim, um penoso acto de contrição!
Há quem
tenha nascido para viver grandes e cénicos momentos de paixão, que provocam
verdadeiras cardiomiopatias de amor… que engrandecem e fazem crescer, em
volume, o coração!
Fico
confuso e já não sei se o amor é uma bênção ou uma enfermidade? Se é mentira ou
verdade, se poderoso feitiço e ilusão…ou algo corpóreo e real?
Amor,
amor és fatal ou não?
Devemos
enforcar-te em praça público em inquisitório auto-de-fé? Ou colocar-te,
divinamente, num pedestal?
Ergo-me
a custo do chão, mais cabisbaixo, com menos esperança e fé! Quanto mais aqui
peregrino, mais me perco e fico baralhado!
O meu
rosto? A esse, continuou a cobri-lo, não de vergonha, mas para esconder as
lágrimas de raiva intimamente minha e de cada vez mais dor…
….
porque naquela noite ímpar, de tempestuosa tempestade, a troarem os trovões dos
trovões, senti-me honestamente amado,
como
acredito que jamais em tempo algum, novamente assim o serei! Apenas eu e tu, a
tempestade e o amor, um grande, grande amor!
Ao
volante, de regresso a casa, ou ao acordar da viagem em sonho, repito para mim
mesmo: - Ainda há Esperança João… ainda há esperança… nunca nada na vida é ao
acaso, por acaso ou em vão!