Na mais triste das noites, no pior de todos os meus dias,
havia sempre, penso eu, embora ténue, uma áurea…uma luz, contudo, que a lado nenhum
me leva, a lado nenhum me conduz….
… a razão?
Porque amarrado estou ao preconceito, não tenho fé, não
acredito, não creio e por essa vil razão, eu choro, eu escarneço, eu zombeteio,
e espanto meu… espasmo-me, maltrato-me, e por fim, embora um fim sem final,
quedo-me no chão, volto a chorar, volto a escarnecer, volto a zombetear, já não
são espasmos, são vómitos e (re) maltrato-me… oh, merda para isto, estou quase
morto, mas ainda amarrado ao preconceito, sinto que me doí a alma, sinto que se
me afogueia o peito… e por tudo…a todos digo…sinto muito…
Ahhhh perro
sarnento… estivesses tu (eu) no tempo dessa mais que puta e nada santa
inquisição, que eles, serena e piamente, numa masmorra medieval qualquer, esmagavam-te
os ossos, moíam-te a alma, e, por belzebu, sei lá que mais te fariam a ti (eu),
apenas sei que te arrancavam uma (mentira) confissão… bom, mas ou isso, ou a
fogueira, que nas cabeças dos inquisidores já se ateia… meu ateu…
- Senhores
inquisidores…ateu não! Agnóstico? Hummm… talvezzzzzzz, ou seja, acho que não,
nem tão pouco confuso, acho que apenas mesmo, uma jumenta estupidezzzzz….
… que belo auto-de-fé…
… e a porra da áurea? Sim, e a luz? Sei que porque não
acredito, não creio, a lado nenhum me leva, a lado nenhum me conduz…
… que belo auto-de-fé…
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