sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O teu salto stiletto!


O teu salto stiletto, inquietante e perfurante no meu peito,

o meu corpo nu, já húmido, já molhado, fumegante, para ti preparado.

Pelo meio, uma dolorosa doce dor e uma agonia que jamais enjeito,

pois é nela, na dor amiga, que encontro a mais sublime erecção, é assim,

a verdadeira, pois tudo o resto, sem o seu q.b. de  agonia e o seu q.b. de dor, apenas é um membro retesado, sem gosto, pura ficção…

...que contrito no teu íntimo, na tua greta, no teu sexo, te saberia e daria nada, um sem gosto… desilusão!

…calça-te para que me cale, tapa-me a boca para que não fale, e caminha, por fim, sobre o meu peito já feito asfalto, estrada, caminho do gozo, para ti, o atalho para o prazer perfeito…

…repisado estou, porém, tu bem sabes que sim, estou feliz, e mais estarei, quando depois de me calcares, por amor e devoção, os teus vitorianos quadris até mim se baixarem, e eis o momento, carne com carne, ganidos de prazer, brados de dor e amor, um pouco de tudo… ganidos de prazer, brados de dor e amor… ébrio estou de luxuria… apenas isso eu sei!

… o pequeno grande momento aproxima-se, eu e tu, homem e mulher, submisso e dominadora, dois  animais em cio… sentimo-lo, tu sentes? Ambos sabemos que está para chegar, não há palavras românticas a serem ditas, não há tempo para cortejar, a intensidade aumenta é a cinética do amor, a cinética do prazer, um pré-aviso vem de um arrepio na espinha, desagarro as minhas nádegas do chão, entro em ti como nunca havia entrado até então, toco o teu útero, arquejo, relampejo, agarro-me ao salto do teu sapato stilleto, e cumpro, por fim, aquilo que prometo, uma frondosa, bela e gloriosa ejaculação…

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Um triste auto-de-fé…


Na mais triste das noites, no pior de todos os meus dias, havia sempre, penso eu, embora ténue, uma áurea…uma luz, contudo, que a lado nenhum me leva, a lado nenhum me conduz….

… a razão?

Porque amarrado estou ao preconceito, não tenho fé, não acredito, não creio e por essa vil razão, eu choro, eu escarneço, eu zombeteio, e espanto meu… espasmo-me, maltrato-me, e por fim, embora um fim sem final, quedo-me no chão, volto a chorar, volto a escarnecer, volto a zombetear, já não são espasmos, são vómitos e (re) maltrato-me… oh, merda para isto, estou quase morto, mas ainda amarrado ao preconceito, sinto que me doí a alma, sinto que se me afogueia o peito… e por tudo…a todos digo…sinto muito…

Ahhhh perro sarnento… estivesses tu (eu) no tempo dessa mais que puta e nada santa inquisição, que eles, serena e piamente, numa masmorra medieval qualquer, esmagavam-te os ossos, moíam-te a alma, e, por belzebu, sei lá que mais te fariam a ti (eu), apenas sei que te arrancavam uma (mentira) confissão… bom, mas ou isso, ou a fogueira, que nas cabeças dos inquisidores já se ateia… meu ateu…

- Senhores inquisidores…ateu não! Agnóstico? Hummm… talvezzzzzzz, ou seja, acho que não, nem tão pouco confuso, acho que apenas mesmo, uma jumenta estupidezzzzz….

… que belo auto-de-fé…

… e a porra da áurea? Sim, e a luz? Sei que porque não acredito, não creio, a lado nenhum me leva, a lado nenhum me conduz…

… que belo auto-de-fé…