O teu salto stiletto,
inquietante e perfurante no meu peito,
o meu corpo nu, já húmido, já molhado, fumegante,
para ti preparado.
Pelo meio, uma dolorosa doce dor e uma agonia que
jamais enjeito,
pois é nela, na dor amiga, que encontro a mais
sublime erecção, é assim,
a verdadeira, pois tudo o resto, sem o seu q.b. de agonia e o seu q.b. de dor, apenas é um membro
retesado, sem gosto, pura ficção…
...que contrito no teu íntimo, na tua greta, no teu
sexo, te saberia e daria nada, um sem gosto… desilusão!
…calça-te para que me cale, tapa-me a boca para que
não fale, e caminha, por fim, sobre o meu peito já feito asfalto, estrada,
caminho do gozo, para ti, o atalho para o prazer perfeito…
…repisado estou, porém, tu bem sabes que sim, estou
feliz, e mais estarei, quando depois de me calcares, por amor e devoção, os
teus vitorianos quadris até mim se baixarem, e eis o momento, carne com carne, ganidos
de prazer, brados de dor e amor, um pouco de tudo… ganidos de prazer, brados de
dor e amor… ébrio estou de luxuria… apenas isso eu sei!
… o pequeno grande momento aproxima-se, eu e tu, homem
e mulher, submisso e dominadora, dois animais
em cio… sentimo-lo, tu sentes? Ambos sabemos que está para chegar, não há
palavras românticas a serem ditas, não há tempo para cortejar, a intensidade
aumenta é a cinética do amor, a cinética do prazer, um pré-aviso vem de um
arrepio na espinha, desagarro as minhas nádegas do chão, entro em ti como nunca
havia entrado até então, toco o teu útero, arquejo, relampejo, agarro-me ao
salto do teu sapato stilleto, e
cumpro, por fim, aquilo que prometo, uma frondosa, bela e gloriosa ejaculação…