terça-feira, 6 de agosto de 2013

A idolatria “orgasmática” pré eleitoral


A  mais pura amizade, lealdade, solidariedade, companheirismo, entre muitas outras coisas, são, durante o período que medeia entre eleições, sejam elas quais forem, períodos, por assim dizer, de “deserto” presencial de uma legião de gente, sim, porque nesses momentos, em que não se discutem lugares, não há que fazer o “frete” de se estar presente, ser solidário, ser militante, ou pura e simplesmente, viver a amizade, entre pessoas que antes de serem políticos, são apenas isso, PESSOAS.

Durante esse “deserto”, e quando não se está no poder, há um convívio normal entre as ditas PESSOAS, as PESSOAS que se mantêm presentes, contudo, que por serem amigas, não têm obrigatoriamente de estar diariamente, umbilicalmente ligadas, ou melhor, até podem e devem estar, mas só há fluxo de nutrientes, e assim é que tem de ser, quando uma das partes, por uma razão ou outra, precisa da outra, como diz o proverbio e bem, “os amigos são para as ocasiões”, e dai nenhum mal vem ao mundo. Não é porque estamos permanentemente “em cima” de alguém, que demonstramos por ela, ou temos por ela, uma grande amizade.

A amizade é um estado, facto!

De repente, em qualquer período pré eleitoral, as coisas mudam. Os que nunca apareceram nem estiveram, começam a aparecer, vêm como se fossem estrelas galácticas, aperaltados…

- venham venham meus senhores, há lugares, a corrida ao ouro começou!

E assim emergem novamente ao mundo, e mais depressa emergem, quando se apercebem de que quem vai distribuir os lugares, até ganhou peso, até ganhou poder, até pode mesmo ganhar, quando, curiosamente, em lutas anteriores, em outras eleições, internas ou externas, não os vimos por lá…

De repente, gente de quem nem sequer se sabe o nome, vêm-se quase que “administrativamente” promovidas para lugares, que caso o chefe ganhe, os levará a ocupar cargos públicos e políticos, que jamais e em tempo algum os teriam ou mereciam, arranjam um emprego, e meus amigos, nada tenho contra isso, a não ser… que alguns de militância permanente, de disponibilidade permanente, mesmos nos momentos menos bons ou mais negros, no tempo do “DESERTO” e na solidão do líder, o acompanharam, não por frete, mas por militância, amizade, e por saberem que qualquer campanha começa muito tempo antes de ela se oficializar, são relegados, ou então, na melhor das hipóteses, vão “jogar” nos distritais.

Mas a política é assim, e de repente, os que não fizeram o frete de acompanhar o líder quando ainda anónimo, e solitário, porque sim era frete, e não trazia prestígio nenhum, de repente, são chamados, são abordados, e perante a possibilidade, depois de nada fazerem, virem a ocupar um lugar de destaque, numa lista de um líder que já não é tão anónimo nem tão solitário e que até podem ganhar… automaticamente têm dúzias de orgasmos mentais, CASO USASSEM CUECAS NA CABEÇA, ESTAS FICARIAM HÚMIDAS, e teriam de ser retiradas de hora a hora, como as fraldas das crianças quando se “borram”, e que, todos nos sabemos, constitui o primeiro prazer de estímulo sexual do ser humano! Assim, tiram os fatos do bolorento e mofoso armário, e “bota” que vêm ai campanha zé, e até vão ter lugar reservado no dia da grande apresentação, chegam como vedetas, com sorrisos de circunstâncias, altivos, parece que estão a dar uma esmola… Ora bardamerda com essa gente! Agora, vão mesmo ter de fazer o frete de acompanhar o líder, mas agora, se calhar, até vai compensar…

Os outros, bem, os outros, são os gajos porreiros, os gajos do desenrasca, os cola cartazes, e porta bandeiras, esses são o “zés” e as “marias” que estiveram sempre lá, quando não havia luz nenhuma ao fundo do túnel, quando a esperança da vitória, pareciam algo muito distante. Mas eles acreditaram sempre, estiveram sempre foram eles que ajudaram a que a luz começasse tremula a surgir, e hoje, brilhe de forma intensa, quase com a chancela de uma vitória anunciada.

Não estou no rol dos ilustres “zés” e “marias”, gente de quem me orgulho, pois foram os únicos que eu ia vendo, à distância, a caminhar no deserto. A minha relação na política passa por manter alguma equidistância, por motivos que apenas a mim me dizem respeito, não querendo dizer que não estou disposto a qualquer tipo de luta, e é com alegria que serei um “zé” e uma “maria” de bandeira na mão, para que o meu candidato ganhe, sendo que sei que com ele, irão, sem mérito, ganhar tantos que nada fizeram, uma lotaria infame… por vezes, não sei se a sorte apenas protege os audazes, acho que ajuda também a que os “mortos-vivos” da política, ressuscitem…

Uma vez escrevi que, e mantenho, de que preferia perder uma eleições com militantes pagantes, do que ganhar com independentes, não mudei de opinião, isso, não significa que estando escolhido, escolhido está… e agora junto ainda de que, preferia ver os “zés” e as “marias” que atravessaram o deserto com o líder em lugares de eleição e destaque, do que ver uma rural elite que escondida e calada andou, a sentarem-se confortavelmente no pedestal, quando sei, quando li, quando ouvi, e tenho documentado, que estas mesmas pessoas menosprezarem o líder, menorizarem o mesmo, a dizerem entre dentes que ele era fraco, cabisbaixo, sem carisma, que não tinha futuro, que não tinha garra, que caminhava sozinho de baile em baile, de festa em festa, sim, porque está “parasitária imóvel e reptil” gente, nunca esteve nos referidos locais com o líder, pois se fossem ele não andaria sozinho, ou então, iriam ver que ele nunca andou totalmente sozinho, porque os “zés” e as “marias”, andavam com ele Por onde andou está “parasitária imóvel e reptil” gente aquando da luta pela liderança da Concelhia??? Em lado nenhum, pois pelo menos nessa eu participei e nunca os vi… mas vi sempre lá os humildes “zés” e marias” de que tanto me orgulho, e que foram tantas e tantas vezes vilipendiados pelo adversário político interno.
Tenho escutado alguns discursos, discursos nos quais se elegiam determinadas pessoas que de facto, até para elas próprias, desconheciam que tinham tantas virtudes…

Tenho escutado sereno, mas impávido, dizer que “há feijão” que demonstra estar maduro quando ainda ele está verde…  nem sempre quem fala mais alto e “cuspe” palavras, é o mais inteligente, nem tão pouco diz as coisas mais inteligentes…

…olho e vejo que as listas são feitas com a “prata da casa”, o que não é de todo verdade, porque muita dessa prata, nunca esteve verdadeiramente “na casa”, nas lutas difíceis, por isso, preferia olhar e ver, contra tudo e contra todos, “o ferro-velho, sempre presente e leal” dos “zés” e das “marias” que sempre disseram sim vamos, sim estamos, sim, não te abandonamos!

Não estou penhorado a nada nem a ninguém!
Não confundo a amizade com a política!

Não confundo a lealdade, com a minha necessidade de dizer o que sinto!
Sou um militante “vintage” de um partido, mas não sou propriedade do partido!

Porque abençoadamente sou, neste campo e em muitos outros, um “HOMEM LIVRE E DE BONS COSTUMES”, que acredita que se deve estar na política e no exercício da política, a cuidar da “res publica”, para o bem comum, e que só é bom ganhar e estar no poder, quando não se tem de sacrificar, se não a alma, sacrificar os “zés” e as “marias”, companheiros de sempre da travessia do deserto.

Tudo muda quando cheira a poder… gostei de os ver a entrar e a desfilar…

…três vivas à fogueira das vaidade!
 
NOTA: Escrito e não revisto!

1 comentário:

  1. maravilhoso...muitíssimo bom. Assertivo e vai de encontro ao que eu penso .Parabéns.
    "Maria" Anabela

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