Desse ser belo, porém, quiçá, sem alma? Que me abandonou, como se não houvera, antes, algum, raios me partam, amor, ou pelo menos apego.
Eu sei que a vida é dia não e dia sim feita de altos e baixos, de paixão e desilusão, nem sempre só feia, nem sempre apenas e só bela…
Sei também, digo eu na minha altivez, que o amor não é sempre só estonteante felicidade, ou, nem sempre, ou para sempre, uma permanente dor.
Ai amor, que nos fazes rir e chora, correr e saltar, querer o sol olhar de frente, e a lua… e a lua? Ah… essa, com a ponta dos dedos tocar…
E no momento seguinte querer cerrar os olhos e, num sonolento sono, com uma dor negra colada à alma, querer, num eterno para sempre, lenta, mas seguramente adormecer.
Confundes-me tu! E tu também ó amor! Se bem que não vos sei, nesta já demasiado longa ausência, diferenciar…
Tu és O AMOR, e o amor ÉS TU! Tu lembras-me O AMOR, e o amor lembra-me que ele, por sinónimo ÉS TU, que de mansinho vieste, e entraste para ficar.
Antão que fazer? Ficar quedo quieto? Como se nada se tivesse acontecido? Como se não houvesse uma saudade que sufoca a alma, que a dilacera?
Mas Antão que fazer? Se quando te foste, se foi, contigo, o amor, aquele amor que nunca antes havia eu experienciado.
Descobri, contigo, pois antão, que o amor existe, que não é apenas uma palavra, um boato, algo inalcançável… uma quimera…
…mas neste momento, só te queria ó AMOR… ó TU, para te poder amar e tão simplesmente sentir-me amado.
João Ramos