quinta-feira, 6 de março de 2014

As minhas tristes memórias felizes



Pouco me importa o tempo da duração da felicidade, de uma felicidade cúmplice entres dois seres que perante eles, e perante Deus, se comprometeram, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, entre outras coisas, a permanecerem juntos para o resto das suas vidas, contudo, por razões que apenas Ele, o Senhor Deus sabe, um dos dois partiu mais cedo para a morada eterna, sendo que a morada eterna para onde ele partiu e onde mora, é no coração daqueles que o amam!

Assim é meu querido pai, estás lá, nesse céu que é o coração do teu filho e da tua para sempre mulher, que também, por maioria da razão, é minha Mãe.
Olho para esta foto, que encontrei por acaso, e sendo pequena em tamanho, é enorme em sentimentos.

A imagem de um casal jovem, apaixonado, com toda a vida pela frente, sendo que a vida desse casal apenas durou seis anos, mas sabes Pai, o amor não se mede pelos anos, antes pelo contrário, acho que com o passer do tempo tende a degradar-se, assim, olho para esta foto  com as lágrimas a caírem-me pelo rosto, mas por mais incrível que pareça, estou feliz, feliz porque vejo duas almas que se amam, felizes por serem dois num só, feliz por ter eu nascido desse amor.

A vida é assim, e como qualquer filho, presumo eu, tenho a melhor Mãe do mundo, tal como te tenho a Ti, sempre e todos os dias, muito bem guardado no meu coração, com a certeza de que um dia me vou encontrar novamente contigo, vou levar duas fardas, e vamos fazer uma patrulha juntos, lá no céu, sim, no tal céu, pois espero que quando partir, alguém me guarde a mim, como te guardei eu no meu coração.

Um beijo do Filho João Para o Pai António

Uma continência do Agente Principal João Ramos do Corpo de Intervenção da PSP, para a Guarda de 1.ª Classe António Ramos, da 1.ª Companhia Móvel de Polícia, morto em combate em terras da Guiné, ao serviço da Pátria e da PSP.

Sabes, até posso ser um civil, um técnico superior, a quem chamam de dr., mas na realidade aquilo que eu sempre quis ser e aquilo que de coração vou ser sempre é o Agente Principal, como muito amor e orgulho.
Esta era (e é) a tua casa, a tua família, hoje é também a minha casa e a minha família, e nada me deixa mais orgulhoso do que isso, de pertencer a tão nobre instituição e de um dia ter envergado a farda, tal como tu, da Polícia de Segurança Pública.