A angústia de quem pretensamente tem asas, mas não sabe, não
quis, ou tão simplesmente não aprendeu a voar
A infinita sede de quem tem água, mas não tem boca para a beber
A incomensurável dor de quem pretensamente tem coração, mas
não sabe, não quis, ou tão simplesmente não aprendeu a amar
Assim é este meu tríptico sofrimento, que clamo num lamento,
em sonoros uivos aulidos e com cheiro… um estranho olor a bedum, próprio de
quem já há muito morreu e apodreceu ímpio, muito ímpio por dentro, seco, muito
seco, por ter sido tão avido avarento sedento
Creiam-me, pois foi o meu erro maior, nem toda a arca é a da
Aliança, nem todo o cálice é o Santo Graal… e na verdade, quem tudo quer tudo
perde… e por fim nada lhes resta, apenas uma desonrosa morte moral
Acorrento-me assim, para a eternidade, na caverna das
sombras, onde nada é o que parece, um grande caixão natural de pedra, onde
outrora minha boa alma, já jaz… já muito morta fenece…